Trade Finace – Tudo o que você precisa saber sobre Financiamento à Importação e Exportação

O que é Trade Finance

Trade Finance pode ser compreendido como o conjunto de serviços, oferecidos por instituições financeiras especializadas, destinados a viabilizar transações de compra e venda de bens e serviços, especialmente as internacionais em que compradores e vendedores estão sujeitos a custos, prazos e riscos consideravelmente maiores.

Neste caso, elas não devem lidar somente com clientes e fornecedores cujo crédito e idoneidade desconhecem, mas, também, com o risco político, jurídico e de crédito de seus países de origem, com processos e taxas alfandegárias, com leis e regulamentos internacionais, além do câmbio de moedas e sua notória volatilidade.

Diferentemente de outras formas de financiamento, o Trade Finance não se destina ao gerenciamento de solvência ou liquidez de empresas e a contratação de seus serviços e instrumentos não é necessariamente um indicativo de que sejam mal geridas ou estejam financeiramente vulneráveis.

Bem ao contrário, seu objetivo é munir empresas comercialmente capazes e financeiramente saudáveis com recursos técnicos, logísticos e financeiros necessários para lidar com os maiores riscos e desafios de seus planos de crescimento, especialmente quando eles envolvem o comercio exterior. Aliás, está é a vocação original do Trade Finance.

Estímulo as Pequenas e Médias Empresas

Para que se tenha uma ideia, a Organização Mundial do Comércio estima que, atualmente, mais de 80% do volume anual de comercio exterior, avaliado em mais 10 trilhões de dólares, apoia-se em seus serviços e instrumentos.  Outro dado relevante é que as pequenas e médias empresas respondem por mais de 70% deste volume.

Elas são, portanto, as principais beneficiarias do Trade Finance, por meio do qual adquirem os meios de competir no mercado internacional e de integrar-se as cadeias produtivas globais que, em contrapartida, beneficiam-se com o significativo aumento da oferta de bens e serviços e com a consequente da redução geral de seus custos.

Da mesma forma, beneficiam-se as economias de seus países de origem, especialmente, as emergentes, pelo estímulo a iniciativa privada, pelo aumento de divisas, do consumo, da oferta de empregos e da arrecadação de impostos, o que resulta em maior capacidade de investimento em infraestrutura e em bem-estar social.

 

Intermediação, Pagamento e Despacho

O papel original do Trade Finance – e o motivo pelo qual seus primeiros instrumentos foram desenvolvidos – é introduzir um intermediário confiável entre compradores (importadores) e vendedores (exportadores) de bens e serviços, de forma a remover os dois maiores riscos em suas transações comerciais: idoneidade e inadimplência.

Para eliminá-los, bancos especializados oferecem serviços de informação e intermediação, além de instrumentos que garantem pagamentos, despachos, embarques ou entregas, condicionados ao cumprimento dos termos pré-acordados entre as partes. É o caso das chamadas letras de câmbio, cobranças documentárias e cartas de crédito.

Câmbio de Moedas e Hedge Cambial

O câmbio de moedas é um mercado volátil o que significa que as taxas de compra e venda de moeda estrangeira estão sujeitas a variações bruscas e repentinas.  Os longos prazos envolvidos nas transações internacionais, transformam estas variações em mais um risco potencialmente catastrófico tanto para importadores como para exportadores.

Importadores correm o risco de valorização da taxa de câmbio, o que significa que o valor de seus pagamentos em moeda nacional pode aumentar imprevisivelmente. Já os exportadores correm o risco de desvalorização da taxa de câmbio, o que significa que estão sujeitos a receber um pagamento imprevisivelmente menor em moeda nacional.

No entanto, em períodos de estabilidade econômica, bancos especializados em Trade Finance são capazes de avaliar este risco, tanto em um caso como no outro, o que lhes permite oferecer a importadores e exportadores variados instrumentos de proteção. Estes instrumentos são genericamente chamados de hedge cambial.   

 

Financiamento a Importação e Exportação

Atualmente, a maior contribuição do Trade Finance ao desenvolvimento do comércio internacional são seus instrumentos de financiamento de capital de giro e fluxo de caixa. São principalmente estes instrumentos que habilitam as pequenas e médias empresas atuar competitivamente no comercio exterior.

Eles adquirem maior importância no complexo ambiente de negócios brasileiro, em que elas devem operar no limite de sua capacidade financeira para serem competitivas. Nestas circunstâncias, o acesso do importador ou exportador ao financiamento de capital de giro adicional ou fluxo de caixa torna-se um fator crucial.

O Trade Finance oferece diversas soluções de financiamento para importadores e exportadores, que podem ser customizados conforme a necessidade ou as características de suas transações. No entanto, o mercado oferece alguns produtos pré-formatados, destinados a transações pontuais. Vejamos quais são eles.

 

Financiamento a Importação (FINIMP)

As empresas brasileiras contam com uma linha de crédito especial, em moeda estrangeira e a juros menores que o usual, destinada a financiar o pagamento de suas importações: o FINIMP. Por meio deste financiamento, o banco efetua o pagamento ao fornecedor a vista e o importador pode quitá-lo em um prazo preestabelecido.  

Assim, além de financiar a aquisição de matéria prima, maquinário ou produtos acabados no exterior, o FINIMP, também, é uma forma de financiamento de fluxo de caixa, ao permitir que o importador o quite com o giro normal de seus negócios. É, também, um meio de agilizar a entrega destes bens, já que o fornecedor é pago a vista.

O FINIMP pode ser contratado na modalidade direta, em que o financiamento é obtido por um importador diretamente com um banco no exterior ou na modalidade repasse, em que ele é obtido por um banco nacional junto a um banco no exterior e repassado aos importadores interessados.

 

Financiamento a Exportação (ACC e ACE)

As empresas exportadoras brasileiras, também, contam com linhas de crédito especiais para financiamento de capital de giro e fluxo de caixa, tanto na fase pré-embarque como na fase pós-embarque. São elas respectivamente, o Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) e o Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE)

Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC)

O ACC é ao mesmo tempo um instrumento de crédito e de hedge cambial. Seu objetivo, portanto, é financiar o capital de giro necessário a produção dos bens a serem exportados e fixar uma taxa de câmbio confortável para o câmbio por moeda nacional, quando o importador efetuar o pagamento em moeda estrangeira.

Com o ACC o banco financia um adiantamento em moeda nacional ao exportador para a produção dos bens vendidos, conforme o contrato de exportação firmado, que pode quitá-lo em um prazo negociado conforme a sua conveniência.

Além disto, ao ser capaz de fixar uma taxa de câmbio, o exportador já sabe de antemão qual valor em moeda nacional irá receber quando o importador efetuar o pagamento, o que lhe permite gerenciar seu fluxo de caixa e prever sua margem de lucro com muito mais segurança.

ACC Indireto

O ACC, também, pode ser contratado nos mesmos moldes e com os mesmos objetivos para financiar os fornecedores do exportador que produzam os insumos necessários a fabricação dos bens a serem exportados. Nestas circunstâncias, trata-se de um ACC Indireto, cuja aprovação está sujeita a comprovação desta sua finalidade específica.

Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE)

O ACE é um instrumento similar ao ACC, a não ser pelo fato de que se destina a antecipar ao exportador, em moeda nacional e a uma taxa de câmbio pré-fixada, o valor do pagamento de uma exportação, tão logo após os bens em questão tenham sido embarcados. Trata-se, portanto, um instrumento de factoring.

Em outras palavras, mediante a cobrança de uma taxa de juros, o banco adianta ao exportador, em moeda nacional, o valor total ou parcial de um pagamento que lhe seja devido em certo prazo por uma exportação. Em contrapartida ele assume proporcionalmente os seus direitos creditórios contra o importador.

O ACE permite, portanto, ao exportador adiantar suas receitas em moeda nacional, oriundas de exportações, reduzindo os prazos usuais para realizá-las, ao mesmo tempo em que as protege de variações cambiais adversas, que poderiam prejudicar sua lucratividade.

 

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